Professores e pais empreendedores: inovação, adaptação e transformação

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Professores e pais empreendedores: É possível?

No artigo Professor empreendedor, escola inovadora, aluno transformador, falamos sobre exemplos que Hashimoto (s.d.) cita em seu texto, que foram a iniciativa, o interesse pela novidade, e os meios de identificar oportunidades, e os adaptamos para o cotidiano em casa para a sala de aula.

Professores e Pais Empreendedores

Neste texto vamos usar outros exemplos citados pelo mesmo autor: Formas de avaliar riscos, Novas maneiras de lidar com regras, Criatividade e Autonomia, complementando o texto anterior.

Formas de avaliar riscos  

Como pais e professores, proteger nossos filhos e alunos é instintivo. Professores da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental são ainda mais preocupados, pois “são responsáveis pela segurança das crianças” (HASHIMOTO, [s.d.] p. 01).

Essa proteção faz com que nossas crianças se privem de “algumas experiências que podem ser enriquecedoras” (HASHIMOTO, [s.d] p. 01).

Não queremos dizer, aqui, para negligenciar a segurança das crianças, mas entender que, quando é possível controlar o risco, as crianças aprendem a lidar com a apreensão e o medo.

Um exemplo citado pelo autor é, para que os pequenos aprendam o caminho da escola, é importante que eles sejam nossos guias. E o autor ainda conta a experiência:

Uma vez, levando eles para a escola, eu falei que iria dirigir seguindo as orientações deles. Eles é que iriam dizer em qual rua virar e qual caminho seguir para chegar à escola. No começo eles adoraram ter o controle da situação, mas acabamos nos perdendo e eles ficaram muito nervosos. Claro que eu sabia o caminho certo e acabei chegando a tempo na escola, mas eles nunca se esqueceram da experiência. Tentamos mais três vezes depois, mas só na quarta eles acertaram o caminho. E celebraram muito!

Esta experiência revela, também, outra faceta: ao saberem o caminho a seguir, as crianças experimentam ter o controle da situação, que normalmente é algo exercido pelos pais e professores. Isto desenvolverá a autonomia dos pequenos.

Para a sala de aula, como professores, podemos dar a autonomia para que os alunos escolham atividades, discutir brincadeiras que podem ser perigosas, ou outros assuntos que despertem sua percepção para os riscos. Isso contribui para sua consciência de segurança e para riscos calculados.

Novas maneiras de lidar com regras

Quando as crianças entendem que as regras são necessárias para que as pessoas consigam viver em harmonia, estamos desenvolvendo sua capacidade de raciocínio ético. Parafraseando Sérgio Cortella, os pequenos começam a perceber que não podemos fazer tudo que queremos; ou que, mesmo que possamos, muitas vezes não devemos fazer. Entender a relação da tríade querer-poder-fazer contribuirá para o amadurecimento das crianças.

Entretanto, é preciso que as crianças entendam “que nem todas as regras fazem sentido ou são necessárias. O importante é não desrespeitar as leis ou os princípios éticos. Fora isso, se algo não faz sentido, pode e deve ser questionado”  (HASHIMOTO, [s.d] p. 01).

Isto contribuirá para que aprendam a respeitar e refletir sobre atitudes e consequências, contribuindo para que, na adolescência, consigam lidar com os outros e com as próprias opiniões de maneira mais natural.

Hashimoto ([s.d.] p. 01) exemplifica:

Uma brincadeira que faço com eles é, durante uma conversa sobre um determinado assunto de interesse deles, antecipar que vou falar uma grande besteira, mas eles não vão saber qual nem quando vou falar. Continuamos a conversa e, no final, eu pergunto qual foi a grande besteira que eu falei. Eles devem adivinhar e geralmente acertam. Com o tempo eu começo a praticar isso sem avisar antes e só falo depois que eu falei uma besteira. Se eles aprenderam a prestar atenção, vão identificar logo. Com isso vão alimentando o seu espírito crítico, não aceitando mais passivamente tudo o que ouvem ou leem. Hoje, mesmo que eu não fale nenhuma besteira, eles duvidam de algumas coisas que falo, e até conseguem me provar que eu falei uma coisa errada mesmo! Este é o lado ruim da história. Ruim para nós, mas ótimo para a vida deles.

Em sala de aula podemos desenvolver, com os pequenos, as regras de convívio, mostrando que uma convivência harmoniosa é importante e agradável, mas depende da colaboração de todos.  

Criatividade

Não é novidade que muitos consideram a Educação formal dos dias de hoje uma maneira de acabar com a criatividade.

Criatividade é o alimento da inovação. Somos tão condicionados a buscar a concordância e a aceitação pública que acabamos nos esquecendo do que nos torna diferentes e únicos. Todos querem ser iguais e os diferentes são discriminados por não se encaixarem nos padrões de ‘conformidade’ impostos pela sociedade  (HASHIMOTO, [s.d] p. 01).

É importante que os pequenos descubram sua autenticidade e criatividade, e isto pode ser estimulado por meio de brincadeiras. O ideal é que se comece bem cedo, pois, quanto menores as crianças, menos preconceitos elas terão. Se já tiverem lidado com formas de avaliar riscos e com maneiras de lidar com regras, ainda melhor. Hashimoto ([s.d.] p. 01) exemplifica passatempos que fazia com seus filhos ao viajar de carro com seus filhos, quando pequenos:

Um de nós conta uma história e, no meio dela, interrompemos para que o outro continue e dê um novo rumo. Assim, vamos nos alternando, passando de uma para outra, até que alguém a termine e é claro que ela termina totalmente diferente de como foi iniciada. Outra coisa que eles se divertiam era pegar histórias conhecidas e invertê-las totalmente, dando novas características aos personagens, mudando o roteiro ou imaginando novos finais inusitados e divertidos.

Esses exercícios auxiliam a acalmá-los e tornar as viagens mais prazerosas, principalmente quando são longas.

Nas salas de aula, para despertar a criatividade, é importante que as crianças aprendam como lidar com situações e resolver problemas. Isto prepara para a próxima etapa, que é a autonomia.

Autonomia

Como pais, parece que nossos filhos nunca crescem. Temos prazer em descobrir pequenas autonomias quando são bem pequenos, mas ficamos assustados quando eles demonstram ser mais autônomos do que esperávamos: temos certa dificuldade em aceitar isso.

Mas é preciso perceber que os pequenos devem ir assumindo algumas responsabilidades. Um dos exemplos citados pelo autor é cuidar de um animal de estimação. Como envolve uma vida, acabamos fazendo o que deveria ser responsabilidade de nossos filhos.  

Entre uns 10 e 12 anos, uma brincadeira simples é dar a eles a liberdade de programarem o que fazer em família no domingo. A liberdade é total e os pais vão cumprir tudo o que eles definirem. Eles ficam muito entusiasmados e no começo acabam se excedendo, ou com muitas atividades, ou com coisas que nem todos vão curtir. Com o tempo, eles vão aprendendo a escolher melhor as atividades, a se planejar para tudo dar certo, a ouvir o que as pessoas querem e a arcar com as conseqüências quando não acontece o que eles previram. O exercício da liberdade é uma droga viciante, e, uma vez experimentada, não se pode mais viver sem ela. Por isso, o aprendizado seguinte é exercer a liberdade, mas com responsabilidade (HASHIMOTO, [s.d] p. 01).

Podemos desenvolver a criatividade dos alunos em sala de aula de diversas formas. Uma delas é dividir com eles as decisões sobre como realizar atividades. É preciso pensar sobre os conteúdos para adaptá-los, mas o resultado é sempre gratificante e edificante.

Estes foram exemplos de como podemos, de forma empreendedora, auxiliar na formação de nossos filhos e alunos. Ainda há outros aspectos do empreendedorismo que podem ser aplicados em sala de aula e no cotidiano, mas esses serão assunto para outro texto.  

Autores:
Elita de Medeiros
Eder Cachoeira

Como citar este artigo em trabalhos acadêmicos, de acordo com as normas da ABNT:

MEDEIROS, Elita; CACHOEIRA, Eder. Professores e pais empreendedores: inovação, adaptação e transformação. Plataforma Cultural, 2017. Disponível em: <https://plataformacultural.com.br/professores-e-pais-empreendedores/>. Acesso em: dia, mês com três letras, exceto se for maio e o ano.

REFERÊNCIAS

CACHOEIRA, E. Empreendedorismo para professores. 2016. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/edercachoeira1/palestra-sobre-empreendedorismo-para-professores-58378823>. Acesso em: 22 fev. 2016.

HASHIMOTO, M. Como educar um filho empreendedor. Época Negócios. [s.d.]. Disponível em: <http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT282838-16354,00.html>. Acesso em: 23 fev. 2016.

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