Tempo de leitura: 4 minutos
A diferença básica entre empreender ou não empreender na escola está em aproveitar as oportunidades que aparecem à sua frente ou simplesmente executar as tarefas que você recebe de outra pessoa (CACHOEIRA, 2016), ou que você sabe que deve fazer.
Parece difícil encontrar uma conexão entre empreendedorismo e educação, mas ambos estão intrinsecamente ligados: ninguém nasce empreendedor, torna-se. Ademais, a educação, em nosso país, tem formado uma legião de repetidores, não de pensadores.
O mais interessante é que a base da educação brasileira, a Teoria Histórico-cultural, pauta-se na evolução do conhecimento e na problematização de conteúdos. Parece que não está funcionando. Ou é preciso rever sua aplicação.
Quando fazemos as coisas da mesma maneira, os resultados serão iguais. Para ter resultados diferentes, é preciso agir de maneira também diferente.
Vários autores afirmam que as características do empreendedorismo são comportamentais, e já falamos sobre elas em outros textos. Ainda assim, é um assunto tão rico que as possibilidades de aprendizado e aplicabilidade de seus conceitos são imensas.
Por esta razão decidimos pôr em paralelo o empreendedorismo e a educação, e descobrimos um – ou vários – caminhos para ensinar, que podem ser mais prazerosos para professores e alunos, e ainda facilitar o trabalho de todos.
Antes, porém, é importante nos atentarmos para alguns conceitos
Conhecimento é a informação que você recebe. Empreendedorismo é fazer mais do que os “outros” com aquele conhecimento. Inovação é o quanto você muda a vida das pessoas com o que faz” (CACHOEIRA, 2016, p. 29, grifos do autor). “Produtividade é o quão rápido você faz aquilo. Competitividade é o quanto você se sobressai em relação as outras pessoas que fazem o “mesmo” que você (CACHOEIRA, 2016, p. 30, grifos do autor).
Além destes conceitos, ainda é importante conhecer os tipos e graus de inovação
“Inovação de produto: Exemplo: automóvel com câmbio automático em comparação ao “convencional”.
Inovação de processo: Exemplo: automóvel produzido por robôs em comparação ao produzido por operários humanos.
Inovação de modelo de negócio: Exemplo: automóvel é alugado ao consumidor, que passa a pagar uma mensalidade pelo uso do veículo em comparação ao modelo de negócio tradicional, em que o veículo é vendido (CACHOEIRA, 2016, p. 31, grifos do autor).
Agora vamos utilizar estes conceitos para o cotidiano da educação
O Conhecimento é a informação que você, professor, recebeu, e vai passar para os seus alunos.
O Empreendedorismo, na sala de aula, é fazer mais do que os “outros” com aquele conhecimento que você recebeu e está repassando.
Inovação é o quanto você muda a vida das pessoas, sua, dos seus alunos e da comunidade em que está inserido com o que você faz.
Produtividade é o quão rápido você faz aquilo, é o quão eficaz é seu modo de trabalhar, fazendo com que seus alunos fiquem interessados em suas aulas e utilizem o conhecimento que receberam de você para mudar a própria vida.
Competitividade é o quanto você se sobressai em relação as outras pessoas que fazem o “mesmo” que você: aqui, a competitividade deve ser sadia. Ao encontrar meios mais eficazes de trabalho, divulgue o que você fez para que seus colegas reconheçam seu trabalho e se espelhem nele.
Quanto aos graus de inovação, utilizaremos situações ao invés de exemplos
Inovação de produto: situação – material recebido e programas governamentais que não condizem com a realidade de nossos alunos e comunidade. Ação – utilizar materiais da própria comunidade, condizente com a realidade em que está inserido, para o ensino dos conteúdos necessários.
Inovação de processo: situação – uso do quadro de giz, aula expositiva e dialogada. Ação – Proposta de análise de problema na comunidade e busca de solução. As soluções encontradas pelos alunos são divulgadas em varais. No momento da socialização, a professora mostra como associar a ação ao conteúdo.
Inovação de modelo de negócio: situação – formação de alunos que repetem o conteúdo e não o aplica no cotidiano. Ação – por meio da abordagem dos conceitos e da inovação, a consequência será a formação de cidadãos realmente capazes de gerir suas próprias vidas. Além disso, poderão influenciar positivamente sua comunidade. Isto é empreender!
Desta vez não vamos responder a pergunta do título. Esta, você, professor, responde para si mesmo.
Autores
Elita de Medeiros
Eder Cachoeira
Como citar este artigo em trabalhos acadêmicos, de acordo com as normas da ABNT:
MEDEIROS, Elita; CACHOEIRA, Eder. Empreender ou não empreender na escola? Plataforma Cultural, 2017. Disponível em: <https://plataformacultural.com.br/empreender-ou-nao-empreender-na-escola/>. Acesso em: dia, mês com três letras, exceto se for maio e o ano.